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24 de abr. de 2009

Comunistas de Boutique


Comunistas de Boutique
Como, quando e por que o socialismo cedeu às compras



por Ery Peratza em 14/08/08 para Revista Tafetà


Imagine um mundo onde todos usassem tênis verde oliva, saias jeans até o joelho, todos usassem peças da mesma marca e ainda que não houvesse calça número 42. Seria um mundo monocromático, de uma personalidade chata e fundida, com multidões sem rostos e traços, todos andando em marcha esquelética com emoções monótonas. Afinal de contas a moda é ou não é o transparecer de personalidades e vontades? Imagine-se num mundo onde você não pudesse fazer escolhas entre o rosa e o roxo, entre vestido e túnica, entre sexy e elegante, pois há somente uma única opção e que não é opção já que é um caminho compelido pela ausência das alternativas. Eis então o mundo socialista. Não que seja ruim, mas não é nada versátil. Além de muito brega, já que corre riscos profundos de se deparar com uma siliconada trajando o mesmo vestido preto básico e clássico que você naquela festa.
Na U.R.S.S., era o Estado o responsável pela produção de alimentos, de automóveis e também de tecidos. Estes eram fabricados apenas para a mera sobrevivência e diga se de passagem que eram tecidos bons e grossos uma vez que na Rússia, por exemplo, o inverno é tão rigoroso que a temperatura chega a marcar 50 graus negativos. Apesar da elegância dos casacos de pele, havia uma única marca, a do Estado e por isso tudo era igual para todos os cidadãos. Menos é claro as leis. Essa situação atualmente já é ultrapassada. Os únicos países de certa forma persistentes do socialimo são Cuba e Coréia do Norte. Mas suas fronteiras estão abrindo - lentamente mas estão - aos imigrantes capitalistas. Nos anos da Guerra Fria, nada ultrapassava a "cortina de ferro". A Guerra Fria foi, por um bom tempo, o terror e a angústia de muitos, tantos dos habitantes do capitalismo quanto do socialismo. As adversidades entre EUA e a U.R.S.S. eram acirradas e assustadoras. Temia-se que a qualquer instante o mundo sucumbiria ao aperto de um botão vindo do oriente ou do ocidente. Felizmente, as disputas pela conquista do mundo foram indiretas e nunca nenhum americano lutou com arma na mão contra um soviético. As lutas possuíam uma essência completamente idealista. Enquanto a Doutrina Abraço do Urso agarrava os países do leste europeu como aliados, a Doutrina Truman dos EUA e seus fiéis companheiros, evitava a expansão do socialismo. A criação do Plano Marshall, uma ajuda financeira aos países europeus aliados dos Estados Unidos que estavam arrasados após a Segunda Guerra Mundial, foi respondida pela mesma moeda pela União Soviética através do Comencon. A OTAN, que existe até hoje, também foi uma resposta ao Pacto de Varsóvia, uma aliança militar. As brigas pelas estrelas e pela Lua, a corrida armamentista e o planeta bipolar chegou ao fim, simbolizado pela Queda do Muro de Berlim em 1992. Logo, o E.U.A, se viu como líder absolutista. Já a U.R.S.S., cujo Estado patrocinava os gastos militares sem ter em troca lucros como ocorria com as empresas nos Estados Unidos, se viu num abismo de grave crise econômica. Era o ínicio do fim, os sintomas de sua morte. O famoso Gorbatchev entra no poder e para salvar a União Soviética, propõe uma reforma econômica, a perestroika e outra militar, a glasnot. A última foi muito bem aceita pelo ocidente uma vez que o bloco soviético se desfez. A Rússia estava cheia de problemas para poder 'cuidar' dos outros países e o seu desarmamento da U.R.S.S. foi dado como redenção. Gorbatchev então, começou a introduzir paulatinamente o capitalismo no país com acordos entre empresas e afins que liberaram, a principio de forma sutil, o consumo. No entanto suas atitudes despertavam fortemente a oposição, deixando o em cima do muro, entre a cruz e a espada, quase que literalmente. Os ultra-reformistas alegavam e reclamavam da velocidade do processo capitalista e do outro lado, os militares não estavam nem um pouco felizes com o desmanche do Pacto de Varsóvia. Até que ocorre um golpe que não foi um golpe, ou que ainda foi um golpe no golpe. Boris Yeltsen evitou o golpe militar e Gorbatchev, ao voltar de suas queridas férias, o agradeceu imensamente. Acontece que o mesmo Boris deu um chega para lá no presidente: ele continuaria sendo presidente, mas não articularia mais nada. Em um dia de Natal, Gorbatchev se cansa de ser apenas um boneco e renuncia a seu cargo. Recentemente, fez uma campanha para a Louis Vuitton.
Foi assim que, de uma hora para outra, a U.R.S.S. entrou em extinção e tão rapidamente se tornou capitalista e subdesenvolvida. Em alguns cantos, essa transição aconteceu de uma maneira bem mais sangrenta as quais a Guerra da Bósnia e a de Kossovo exemplificam com milhares de mortos. A história nos faz imaginar um mundo sem guerras, porém é difícil de alcançar esta realidade longínqua. Mesmo assim, imagine ao seu redor se a Guerra Fria fosse inexsistente e invisível. O mundo daquela época de dispustas de poder e controle, não haveria produzido tamanha tecnologia, inventado alternativas, não haveria publicitários, empresários, talvez não houvesse nem se quer escolhas de profissão. Por outro lado, é uma pena que o socialimos falhou. Uma chance dada a sorte que não a agarrou, perdendo o jogo antes de chegar a próxima e última fase, o comunismo. É necessário mais treinamento, cautela e persistência, pois o mundo não está preparado economicamente ainda e muito menos a mente e alma humana para viver em comum, em harmonia, onde tos são iguais e livres, não há ricos nem pobres. Contudo, se o dia do comunismo chegar a reinar, com certeza o dinheiro não vai deixar de existir. Será uma convivência arduamente contraditória. Imagine um mundo, nada capitalista, mas sem Chanel, Prada, Dior,Versace. O dinheiro só vale a pena porque existem as mulheres e sua beleza, e seu sorriso, seu encanto, seus desejos e seus gostos. Sem colares de diamantes Cartier, as mulheres não teriam tanto brilho, sem batons da M.A.C seus sorrisos não seriam tão cativantes, sem perfumes Guerlain elas não seriam tão doces.
Sem o capitalismo, ou seja, sem o consumismo sadio - não o exarcebado e doentio que corrói e Saint Laurent castiga - as mulheres seriam só mulheres, com rostos comuns, e saias iguais, e indistintas, não seriam femininas, não cuidariam dos cabelos as unhas dos pés, não correriam desesperadas ao shopping. E os homens, os homens também só subexistiriam já que não poderiam acalmá-las, presenteá-las, mimá-las e serem dominados por elas e seus mistérios, suas mentes perigosas e capitalistas. Não é uma defesa ao sistema. Muito pelo contrário. Pois sim, o capitalismo é ruim, porco, selvagem, e aos poucos ou rápido demais é capaz de destruir os materialistas, os egocêntricos, os individualistas, os manipulados. Todavia, até hoje paira em todas as direções e amamos de paixão comprar, rasgar, gastar, justo porque o capitalismo é podre e se encaixa perfeitamente em nossos sonhos estúpidos de um dia querermos ser comunistas, assim que a liquidação da Zara terminar.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do post... Foi uma crítica bem construída. Não vou me posicionar quanto ao capitalismo ao comunismo mas vc apontou mto bm os problemas dos dois...

Juliane disse...

Eu achei esse texto MARA!!

Muito bom!! =)

Juliane disse...

Tá descontraído, informativo e crítico ao msm tempo!

;)

Pedro Sciarotta disse...

Bem legal seu texto, mas só uma correção: a queda do Muro de Berlim foi em 89, não 92 =)

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